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O pesquisador Filipe Russo é superdotado e assina o artigo que apresenta a história, as conquistas e as dificuldades relacionadas a altas habilidades e superdotação (AHSD) no Brasil. Apesar do talento, pessoas nessa condição sofrem com exclusão social e falta de políticas públicas
Imagem da Freepik

Índice do Artigo

Repare:

  • o autor volta ao século XIX, quando apareceram os primeiros trabalhos científicos sobre superdotação e altas habilidades, que eram compreendidas como um legado hereditário, transmitido de pais para filhos;
  • naquela época e ligado a esses estudos, surgiu o conceito de eugenia e as teorias da degeneração, ambas apoiadas na crença de que há grupos de pessoas superiores e inferiores;
  • essa linha de pensamento disseminou-se em vários países, incluindo o Brasil, dando um suposto aval científico a preconceitos e à discriminação de raça, gênero, entre outros, que perduram até hoje;
  • o autor destaca que durante a ditadura militar, uma psicóloga e pedagoga russo-brasileira deu início à educação especial no país, tendo como foco pessoas com deficiência e superdotados ou com altas habilidades;
  • o trabalho dela rendeu frutos somente em 2000, com a criação dos  Núcleos de Atividades de Altas Habilidades ou Superdotação (NAAHS), que atendem estudantes com essa condição;
  • teóricos contrários ao teste de QI estimularam o surgimento de um conceito mais amplo e complexo de AHSD, envolvendo características como criatividade e motivação em cinco áreas (liderança, esporte, arte, intelectualidade e perfil acadêmico);
  • a sub-identificação das AHSD nos serviços públicos é um dos maiores obstáculos enfrentados por esse grupo, dificultando sua inclusão social e o desenvolvimento de políticas específicas;
  • Russo e sua colaboradora propõem uma nova conceituação de pessoas com AHSD, que deveriam ser compreendidas como aquelas que precisam de uma diferenciação criadora, motivadora e inteligente nos currículos, nos planos de atendimento e no trabalho;
  • essa visão melhoraria a inclusão social, trazendo ganhos para o bem-estar e saúde dos AHDS, e aumentaria a eficiência do recrutamento, do desenvolvimento e da retenção de talentos com essa característica.

História

Um dos marcos históricos e origens dos estudos em altas habilidades ou superdotação encontra-se no livro Hereditary Genius: An Inquiry Into Its Laws and Consequences [Gênio Hereditário: Uma Investigação Sobre Suas Leis e Consequências] (1869) do polímata inglês Francis Galton (1822-1911), pioneiro da era vitoriana que desenvolveu trabalhos científicos nas áreas de estatística, genealogia, biografia e antropometria.

A obra busca confirmar a tese de que a inteligência e a genialidade possuem uma origem hereditária de caráter biológico, em outras palavras, de que os descendentes de pessoas inteligentes e geniais herdam biologicamente seus traços de inteligência e genialidade a partir de seus progenitores. Para tanto, o autor se engaja em realizar levantamentos genealógicos em biografias de famílias com membros notáveis, a fim de demonstrar que pais notórios com produções e conquistas proeminentes costumam ser acompanhados por filhos com grandiosidade similar e hereditária.

Nem todas as contribuições de Galton foram e estão livres de críticas, controvérsias e ressalvas, sendo uma das maiores o fato de que o cientista cunhou o termo eugenia no livro Inquiries into Human Faculty and Its Development [Investigações sobre a Faculdade Humana e Seu Desenvolvimento] (1883), palavra a qual grosso modo significa “bem nascido”. A eugenia não surge num vácuo a-histórico e ateórico, mas possui lastro e dívidas para com o darwinismo e as teorias da degeneração, as quais possuem em cientistas tais como o fisiologista e filósofo francês Pierre-Jean-Georges Cabanis (1757-1808), o psiquiatra franco-austríaco Bénédict Augustin Morel (1809-1873) e o psiquiatra francês Jacques-Joseph-Valentin Magnan (1835-1916), alguns de seus maiores expoentes, conforme exposto pela filósofa Sandra Caponi em seu livro Loucos e Degenerados – Uma Genealogia da Psiquiatria Ampliada (2012). A autora ainda nos lembra que esse programa de pesquisa não foi uma exclusividade da psiquiatria francesa, mas possuiu frutificações na Alemanha com Max Nardou (1849-1923), na Itália com Lombroso (1835-1909) e no Brasil com Nina Rodrigues (1862-1906), entre tantos outros. As teorias da degeneração possuem em comum o postulado de que existe uma herança mórbida de caráter biológico que é transmitida intergeracionalmente, com expressões ou estigmas tanto físicos quanto morais.

O uso de antecedentes familiares para se elencar e construir um conceito de herança biológica moralizada, com exemplares de degeneração e exemplares de genialidade, é uma estratégia metodológica, científica e intelectual comum aos estudos de Galton e às lógicas manicomiais dos teóricos degeneracionistas. Em ambos os casos, não raro se cai numa reificação biologicista (da moral), na existência de uma correspondência direta entre um conceito científico socialmente construído (inteligência, criatividade, motivação ou genialidade) e um marcador biológico, passível de investigação e intervenção biomédica (geralmente o cérebro). O que até hoje desperta um ranço pouco elaborado e pouco verbalizado é o postulado de que possa haver pessoas ontológica e universalmente superiores ou inferiores umas às outras, de uma forma absoluta e objetiva, uma superioridade ou inferioridade inerente e inegociável. Recomendo sempre desconfiar de qualquer atributo ou característica que possa sugerir um status ontológico superior ou inferior ao que e a quem for.

“Helena Antipoff, russo-brasileira, foi pioneira na educação especial no país e fundadora da primeira Sociedade Pestalozzi”

Já no Brasil tivemos a presença da psicóloga e pedagoga russo-brasileira Helena Wladimirna Antipoff (1892-1974), uma das pioneiras da educação especial em território nacional, tendo estudado na Universidade de Sorbonne na França, onde fez estágio sob a supervisão de Théodore Simon (1873-1961) no laboratório de Alfred Binet (1857-1911), sendo este último o psicólogo, pedagogo e sociólogo francês que fundou a testagem de inteligência, a qual evoluiu para os atuais testes de Quociente de Inteligência (QI). Helena Antipoff trabalhou principalmente com o público alvo da educação especial, os então ditos excepcionais, incluindo estudantes com deficiência e foi fundadora da primeira Sociedade Pestalozzi do Brasil, com sede em Belo Horizonte, com fim de praticar os ensinamentos do pedagogista e educador suiço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Para a psicóloga (Antipoff, 1974), excepcional compreende toda uma gama heterogênea de tipos, tais como os “mentalmente deficientes, todas as pessoas fisicamente prejudicadas, as emocionalmente prejudicadas, as emocionalmente desajustadas, bem como as superdotadas, enfim, todas as que requerem consideração especial no lar, na escola e na sociedade”.

A partir da reunião póstuma de seus escritos, tem-se o livro A Educação do Bem-dotado em 1992, com organização do Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff (CDPHA) e com publicação pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Para o seu filho, o psicólogo Daniel Antipoff, pessoas bem-dotadas são indivíduos com qualidades muito elevadas potencialmente, que dispõem de características de criatividade e originalidade fora do comum e um certo amadurecimento que os torna mais produtivos, dentre suas características mais acentuadas destaca-se uma grande rapidez de compreensão e de aprendizagem, enorme capacidade crítica, exigência, eles não se conformam apenas em assimilar, querem entender profundamente e acentuado hábito de leitura, dividem-se ainda em convergentes e divergentes, conforme declarado em entrevista cedida para o Jornal do Brasil no Rio de Janeiro em 1974. Nesta mesma entrevista, Daniel conta que sua mãe Helena, à época recentemente falecida, pretendia estender a outros estados além de Minas Gerais, a ideia do aproveitamento das vocações dos superdotados, assim como décadas antes o propora em relação ao ensino de excepcionais.

Identificação

Essa semente plantada em plena ditadura militar no solo controverso da educação especial, só viria a dar frutos em meados dos anos 2000, com a implantação dos Núcleos de Atividades de Altas Habilidades ou Superdotação (NAAHS). Cada estado brasileiro possui sua própria unidade do NAAHS, a qual atende estudantes com matrícula na rede regular de ensino que tenham indicativos de altas habilidades ou superdotação (AHSD), seu acesso depende, portanto, da identificação. A identificação de AHSD evoluiu historicamente de acordo com a teoria científica na qual se embasava, em seus primórdios acreditava-se que dois desvios padrões acima da média na pontuação de um teste de QI eram indicativo necessário e suficiente para a identificação precisa e categórica da superdotação, nas métricas de hoje, em geral, um QI acima de 130. Diversos teóricos se mostravam reticentes, críticos e insatisfeitos tanto com essa concepção categórica do ser ou não ser, ter ou não ter altas habilidades, quanto do modelo avaliativo psicométrico pautado no QI.

Esse dissenso culminou em pesquisas que investigaram outras características para além da inteligência acadêmica mensurada pelo QI, dizemos inteligência acadêmica, pois inúmeros estudos correlacionaram positivamente altos desempenhos em testes de QI com altos desempenhos em provas e avaliações escolares. Primeiro, introduziu-se outros elementos centrais junto à inteligência, como criatividade e motivação, temos inclusive modelos psicológicos que ora posicionam a criatividade enquanto um componente da inteligência, ora posicionam a inteligência enquanto um componente da criatividade. Os testes de criatividade ganharam destaque em sua proposta de serem melhores preditores de comportamento talentoso na vida adulta do que os testes de QI. Resta ainda frisar a relevância da avaliação por pares enquanto método de identificação, oriunda da mesmíssima insatisfação supracitada. No contexto escolar, pais, professores e colegas de turma podem ser bons preditores de comportamento superdotado, ao serem perguntados sobre quais estudantes se destacam em áreas como liderança, esporte, arte, intelectualidade e perfil acadêmico. A demonstração de potencial elevado em qualquer uma dessas cinco áreas, isoladas ou combinadas, associada à elevada criatividade e ao grande envolvimento na aprendizagem e na realização de tarefas em áreas de seu interesse, é justamente a definição legal de estudante com AHSD em voga no nosso país.

“A maioria das instituições de ensino e de serviços públicos não possui profissionais qualificados para a avaliação das AHSD”

Vemos aí então movimentos divergentes nas ciências das AHSD, não necessariamente uma mudança e substituição linear, progressista e absoluta do Paradigma da Criança Superdotada para o Paradigma do Desenvolvimento de Talentos, mas sim um pluralismo epistêmico que joga com nossas predileções devocionais e políticas. O Modelo dos Três Anéis do estadunidense Joseph Renzulli (1936-) não foi o primeiro modelo a divergir da ideia de um inatismo biologicista e psicogenético central ao Paradigma da Criança Superdotada, onde se nasce ou não se nasce superdotado e essa característica orgânica e inerente se expressa inevitavelmente, sendo o teste de QI o método privilegiado para avaliá-la. O seu modelo é o mais difundido nos Estados Unidos e no Brasil, sendo o principal exemplar do Paradigma do Desenvolvimento de Talentos e junto à Teoria das Inteligências Múltiplas do psicólogo estadunidense Howard Gardner (1943-) constitui o substrato epistêmico da nossa legislação nacional. Renzulli define o comportamento superdotado enquanto uma sinergia entre criatividade, envolvimento com a tarefa (motivação) e habilidade acima da média, essa habilidade acima da média é uma generalização inclusiva do teste de QI, podendo ser uma habilidade geral acima da média (geralmente inteligência) ou podendo ser uma habilidade específica acima da média como práticas artísticas, esportivas, de liderança ou intelectuais. Seu principal questionamento proposto para o campo das AHSD é: podem certas pessoas em certos contextos desenvolver certas habilidades, os ditos comportamentos superdotados? Uma proposta de conceito relativo em contraposição ao conceito categórico do Paradigma da Criança Superdotada. Para mais informações sobre tais questões paradigmáticas, recomendo a leitura do livro Paradigms of Gifted Education (Paradigmas da Educação Superdotada) de David Yun Dai e Fei Chen (2013), a obra ainda apresenta um terceiro paradigma, o Paradigma da Diferenciação.

Uma das grandes barreiras enfrentadas por pessoas com altas habilidades ou superdotação diz respeito à sub-identificação. Instituições de ensino e demais serviços públicos na sua grande maioria não possuem profissionais qualificados para a avaliação das AHSD, nem minimamente dispostos a buscar o conhecimento necessário a uma triagem inicial e posterior encaminhamento, sendo este um obstáculo institucional, político e atitudinal generalizado. A identificação é necessária para a inclusão social, o pertencimento coletivo, a produção de políticas públicas, o acesso e o exercício pleno de direitos, tais como o direito constitucional (1988) de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um. Em termos de políticas públicas para essa parcela populacional específica, foi instituída uma proposta para estabelecer diretrizes e procedimentos para identificação, cadastramento e atendimento, na educação básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação, sua criação está prevista na Lei nº 13.234 de 2015. Quase 10 anos depois, pouco mudou na vida das pessoas superdotadas. Quem realiza a avaliação de altas habilidades ou superdotação, independente do modelo teórico e da metodologia, é um profissional que possua capacitação ou especialização na área de AHSD, podendo ser profissional da educação, da saúde ou da gestão de recursos humanos. No último Censo Escolar 2023 realizado e publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em 2024, a pesquisa registrou 37.638 matrículas de estudantes com altas habilidades ou superdotação nas salas comuns da educação básica.

Contemporaneidade

A sub-identificação pode ser discutivelmente o maior desafio na área de altas habilidades ou superdotação no Brasil, entretanto está longe de ser a única barreira enfrentada por essa população. Entre as principais barreiras encontra-se ainda a aprendizagem síncrona, as relações sociais com pessoas neurotípicas e o manejo da vida interior; por outro lado, as estratégias de enfrentamento se concentram na procura e ativação de redes de apoio. Para Renzulli, uma avaliação avulsa de AHSD não faz sentido, sendo esta necessariamente um componente num plano de atendimento à essa população, quando falamos em plano de atendimento não estamos limitando-o à prática clínica e ao acompanhamento com psicoterapia, mas sim enfatizando as demandas educacionais especiais, a inclusão social e o desenvolvimento de talentos superdotados. É preciso entender que crianças superdotadas eventualmente se tornam adultos superdotados e que esta população circula por todos os espaços sociais, não se restringindo aos ambientes clínicos e educacionais.

Um outro desafio é a luta contra o talentismo, um tipo particular de capacitismo orientado contra pessoas neurodivergentes que se dá a partir de instrumentalizações xenofóbicas das concepções de talento. Na última década, há movimentos sociais, identitários, políticos, ativistas, intelectuais e científicos que buscam posicionar as altas habilidades ou superdotação dentro de um panorama mais amplo de entendimento, ainda mais amplo do que a própria educação especial, no caso o Movimento da Neurodiversidade, o qual entende que os perfilamentos neurocognitivos apenas agrupam e categorizam segundo um dado olhar teórico fenômenos naturais da diversidade humana. Nessa concepção, pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e pessoas com altas habilidades ou superdotação (AHSD) pertencem à população das pessoas neurodivergentes e que todas as pessoas, sem exceções, são neurodiversas, pois possuem singularidades em sua ecologia de desenvolvimento e em suas histórias de vida. Há quem considere esse posicionamento epistêmico uma revolução paradigmática.

“Muitas controvérsias circulam no campo das AHSD, propagadas inclusive por ditos especialistas”

Muitas teorias emergem no ou são recrutadas para o mundo das AHSD a fim de dar conta das vivências, comportamentos e demandas superdotadas, entre elas podemos citar a dissincronia proposta pelo psicólogo francês Jean-Charles Terrassier (1940-2022), a assincronia ou desenvolvimento assíncrono proposto pela estadunidense Linda Silverman (1941-) em suas participações no Columbus Group, assim como as sobre-excitabilidades e a teoria da desintegração positiva do psicólogo e psiquiatra polonês Kazimierz Dąbrowski (1902-1980).

Terrassier relata que crianças superdotadas frequentemente sofrem uma falta de sincronicidade ou dissincronia nos ritmos de desenvolvimento do seu progresso intelectual, afetivo e motor, o que exerce um efeito em numerosos aspectos de suas vidas, e seus resultados por sua vez produzem ainda mais problemas psicológicos. Para Silverman, superdotação é um desenvolvimento assíncrono, onde habilidades cognitivas avançadas e intensidade elevada se combinam para criar experiências interiores e percepção que são qualitativamente diferentes da norma, esta assincronia aumenta junto com a capacidade intelectual superior, isto é, faixas superiores de QI. Na sua concepção, a singularidade dos superdotados os torna particularmente vulneráveis e requer modificações na parentalidade, ensino e aconselhamento para que eles consigam se desenvolver de forma plena. Teóricos como Susan Daniels e Michael Piechowski (1933-) recrutaram a teoria da desintegração positiva de Kazimierz Dabrowski para o campo das AHSD, sendo a sobre-excitabilidade o conceito base de sua teoria para o desenvolvimento avançado, multinível. Segundo Piechowski, sobre-excitabilidade (SE) é uma tendência inata a responder de uma maneira intensificada a várias formas de estímulo, tanto externos quanto internos, significa que pessoas com SE podem precisar de menos estimulação para produzir uma resposta, assim como reações mais fortes e mais duradouras aos estímulos. Desse modo, as SE poderiam ser uma forma de entender e explicar a supersensibilidade e o desenvolvimento (assíncrono) de pessoas com AHSD.

Muitas controvérsias cercam e circulam no campo das AHSD, mitos inclusive propagados por ditos especialistas, isso se deve ao fato de que para além de divergências epistêmicas genuínas, por trás de todo fazer ciência há divergências políticas e profundamente humanas. Ainda, teorias e seus conceitos não são necessária e epistemicamente (in)compatíveis entre si, o que requer muito cuidado e rigor em casos de sincretismo teórico. Eu e minha colaboradora, a psicóloga brasileira Luana Ribas, propomos uma nova concepção de pessoa com AHSD, a fim de abarcar nossa realidade nacional e dar conta das complexidades contemporâneas observadas na lida com esse população, para nós pessoas com altas habilidades ou superdotação são aquelas que precisam de uma diferenciação criadora, motivadora e inteligente nos currículos, nos planos de atendimento e nas organizações das atividades laborais, a fim de promover e garantir sua inclusão social, pois normas engessadas não satisfazem suas necessidades. Dentre os benefícios de sua inclusão social estão a saúde e o bem-estar dessa população, assim como o recrutamento, o desenvolvimento e a retenção de talentos superdotados, não sendo o talento restrito a uma única classe neurodivergente ou a uma parcela populacional privilegiada.

Filipe Russo

Pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP) e free lancer no Instituto Neurodiversidade e na Associação Multiétnica Wyka Kwar

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